O gajo vestido à labrego
Estava à espera na passadeira para passar a rua, quando do outro lado avistei um gajo - também à espera para passar uma rua - vestido de uma forma que quase me deu vontade de rir.
E pensei para cá para os meus botões (os do pólo que vestia):
“Que gajo labrego, vestido daquela maneira”.
Quando o sinal ficou verde passei a minha rua.
E ele também passou a dele.
Virei à minha direita e segui pelo passeio.
Ele virou à sua esquerda e também seguiu pelo passeio.
Caminhamos lado-a-lado por alguns segundos.
E eu não parava de reparar como ele estava vestido.
Mas quando virava a cabeça para olhar para ele, por coincidência, ou não, ele fazia o mesmo.
Já começava a estranhar a situação quando reparei que o gajo em quem estava a reparar era eu.
O meu reflexo.