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Loucura Londrina | Aventuras Em Blog

Um Português A Aprender a Viver Em Londres, E Nem Sempre Da Maneira Mais Fácil

Um Português A Aprender a Viver Em Londres, E Nem Sempre Da Maneira Mais Fácil

Loucura Londrina | Aventuras Em Blog

05
Out09

Regresso depois de férias em GRANDE

Peter WouldDo

Hoje, segunda-feira, é dia de labuta cá na Inglaterra.

Isto ainda é uma monarquia…

 

Não há melhor forma de celebrar o meu regresso a Londres depois de uma semana de férias em Portugal do que… perder a carteira.

Foram à vida:

  • BI
  • Carta de condução
  • Cartões bancários portugueses
  • Cartão bancário inglês
  • Cartão de segurança social inglês
  • Passe do metro (oyster)
  • 4 fotografias tipo passe da minha bela face
  • Bilhete do totoloto inglês por verificar

 

Numa análise já a frio sobre qual a pior perda da lista anterior fiquei em dúvida.

Se o bilhete do totoloto estivesse premiado, o caldo estava entornado.

Mas com a sorte que tenho, posso estar descansado.

A maior dor de cabeça acaba por ser os cartões bancários.

Logo na noite da perda tratei de os cancelar.

Se no inglês nada a assinalar, já quanto ao cartão de crédito português eram de esperar novidades.

Então não é que como se a perda do cartão não fosse já uma dor de cabeça, quem é cliente da Caixa Geral de Depósitos ainda tem de desembolsar 30 euros.

QUE CHULOS.

É a gota que faltava para que o caldo ficasse entornado.

A próxima vez que for a Portugal vou tirar todas as minhas poupanças da Caixa.

E já pensei em slogans para esse banco do Estado:

 

Roubo?

Roubo é Caixa!

 

Foi assaltado?

Roubaram-lhe o cartão de crédito?

Então a Caixa Geral de Depósitos rouba-o uma segunda vez cobrando-lhe pelo cancelamento do cartão.

São 30 euritos.

 

Apesar de ter perdido a carteira no metro de uma das maiores cidades do mundo, ainda tenho esperança de a recuperar.

Primeiro porque não tinha lá dinheiro.

Segundo porque a pessoa que a encontrar deve ficar com pena de mim, depois de ver as minhas fotos tipo passe…

 

 

PS:

Eu ando à procura de um bilhetito para ir ver um jogo de futebol entre clubes grandes mas já há jogos esgotados para… Abril.

 

15
Set09

Dar música a um indiano

Peter WouldDo

 

 

O livro estava num momento fantástico.

Eu quase não tirava os olhos dele.

O metro abanava por todos os lados, mas eu continuava confortavelmente sentado a ler.

Mas no fim de um capítulo precisei de descansar o olhar e levantei-o do livro.

À minha frente estava um jovem indiano de aspecto um pouco duvidoso.

Ele viu-me a olhar para ele e fixou a atenção em mim.

E eu não consegui mais voltar a concentrar-me no livro e a cada parágrafo voltava a levantar o olhar para ele.

Reparei no brinco que ele usava na orelha esquerda.

No fio grosso que usava ao pescoço e na cicatriz do lado direito do mesmo.

Ao aperceber-se do meu desconforto ele começou a sorrir maliciosamente.

Vi-o a reparar no meu Swatch.

E no meu Nokia, quando o tirei do bolso para ver as horas.

Sim, o Swatch estava a funcionar, mas o nervosismo já era tanto que já não controlava o que fazia.

Reparou ainda no símbolo da Ralph Lauren do meu pólo.

Mal ele sabia que tinha custado 10 euros na feira de Barcelos, o império das falsificações do Norte de Portugal.

Segundos depois o sorriso desapareceu e eu pensei que toda aquela cena tirada de um filme tinha acabado.

Mas não.

Ele curvou-se para a frente colocando os cotovelos nos joelhos.

E assim permaneceu a poucos centímetros de mim.

Quase como se quisesse espreitar para o que Malcolm Gladwell tinha escrito sobre o Ponto de Desequilíbrio.

Eu já quase tremia.

A música que estava a ouvir deixou de fazer sentido.

Os Keane soavam ao rufar de uma bateria antes do trapezista saltar.

Só que naquele caso o trapezista era indiano e estava interessado nos meus valores.

Tinha de parar a música para que o meu nervosismo não aumentasse.

Tirei o meu velhinho leitor mp3 do bolso e desliguei-o.

 

 

E voltei a levantar o olhar.

A reacção do indiano tinha mudado.

Tinha a boca aberta e olhava para as minhas mãos onde jaziam o meu velho mp3.

Voltou a chegar-se para traz e encostou-se ao assento.

Meteu a mão direita ao bolso das calças e tirou de lá algumas moedas que me ofereceu.

- You need to buy a new one, man!

Depois tirou o seu Ipod do bolso, mostrou-mo e acrescentou:

- Like this!

 

02
Set09

Grupo Gay em sessão fotográfica

Peter WouldDo

 

Eu sei que em Londres tudo é possível.

Mas mesmo assim fui apanhado desprevenido.

Chegava eu à plataforma do metro onde embarcaria rumo a casa, depois de mais um dia de trabalho, quando assisto ao espectáculo.

Um grupo gay de três elementos numa sessão fotográfica, ao que penso para a capa do álbum.

Para que pudesse postar o vídeo, tive de andar à procura de um programa de edição que me permitisse rodar o vídeo em 180 graus.

Isto porque para não dar nas vistas filmei com o telemóvel ao contrário.

O resultado está aqui.

Infelizmente sem som.

  

 

Repararam nas pessoas que entretanto chegam?

Riso geral…

E no nervosismo do elemento mais próximo?

Iniciante…

E nas barrigas de cerveja?

Estética…

E nos rabos “tapados” com fio dental?

Moda…

Depois da última foto (a do vídeo), os três homens vestiram roupas “a sério” e foram embora como se nada fosse.

E Londres continuou igual a si mesma.

 

03
Jul09

O mindinho opositor

Peter WouldDo

 

Jamais esquecerei a aula de história em que o professor me mandou pegar num livro.

Depois de o fazer, o “terrível” (alcunha pela qual era conhecido o professor) mostrou a principal diferença entre o homem e os restantes animais: o polegar opositor.

Desde que comecei a utilizar o metro de Londres que estou constantemente a lembrar-me desta aula.

Muitos de vocês já devem estar a questionar-se porquê.

E dou desde já a explicação.

Pois não quero fazer suspense com uma explicação tão simples.

Que pode ser dada em poucas linhas e caracteres.

Se bem que agora tenha de ir à casa de banho.

Já volto.

(…)

Já regressei.

Pois então a razão pela qual me lembro constantemente desta aula no metro é porque os ingleses não têm apenas um polegar opositor mas também um dedo mindinho opositor.

Eles acabaram por desenvolver este mindinho opositor para equilibrar os livros que lêem no metro.

Desta forma conseguem segurar um livro só com uma mão e usarem a outra para se segurarem ao varão.

Isto quando vão de pé, claro.

Porque quando vão sentados usam a outra mão para tirar ranhetas do nariz.

Uma mutação originada pelos milhões de livros lidos pelos ingleses no metro.

A espécie deles foi evoluindo (como mostrou o próprio Darwin, um deles) e o dedo mindinho da mão esquerda acabou separado dos restantes três dedos centrais.

Como devo ter sido o primeiro humano a detectar isto, estou a pensar em escrever um artigo para uma revista científica.

Certamente que ficará bem no meu CV, ao lado do prémio da 4ª classe e dos quatro meses de experiência como condutor de empilhadores.

Tenho de reconhecer que eles próprios me inspiraram a tornar-me num leitor de livros no metro.

Como já tinha escrito, estou actualmente a ler o Rio das Flores.

E um livro daquele tamanho jamais caberia entre os dedos de uma só mão.

Mas como sou surfista, posso usar as duas para segurar no livro quando vou de pé.

Para quem não percebeu patavina do que acabei de escrever, aqui ficam os desenhos descomplicadores.

 

 

PS: o livro obviamente que não é o Rio das Flores.

01
Jul09

Surfista no Metro de Londres

Peter WouldDo

 

Reconheço que a gripe suína alterou alguns dos meus comportamentos.

Um deles foi no metro.

Simplesmente deixei de me agarrar aos varões, quando viajo de pé.

O resultado não é difícil de prever.

Tornei-me num surfista do metro.

Esta faceta deve ser comum entre outros utilizadores do metro de todo o mundo, apesar de nunca me ter cruzado com nenhum.

Só espero que eles façam a mesma figura que eu.

Pelo menos em Londres, há zonas bem lixadas, com muita turbulência.

Chego a ser atirado contra as pessoas, ou contra os próprios varões.

E até já acabei sentado no colo de uma idosa prai 70 anos, para satisfação dela, que logo me começou a fazer festinhas no cabelo.

Mas não pensem que eu sou um farrapo a ser atirado de um lado para o outro.

Já desenvolvi um pouco a técnica de surfar no metro.

Já adquiri experiência.

Já sei qual a melhor colocação das pernas.

Já sei compensar nas curvas com inclinação do corpo.

Não estarei a ser convencido se disser que se houvesse um campeonato do mundo de surf no metro eu estaria entre os 20 melhores.

E cá por Londres já devo estar no top 5.

Ah, esqueci-me de dizer que faço isto porque meti na cabeça que os varões das carruagens do metro onde as pessoas se agarram estão cheio de micróbios, e alguns deles da gripe suína.

Também já aprendi a reconhecer alguns dos traçados mais sinuosos e quando os consigo ultrapassar mantendo-me de pé recebo palmas dos outros passageiros que vão sentados.

Penso em fazer carreira nesta área.

Pelo menos depois das palmas algumas pessoas atiram-me moedas, pensando que é algum número de entretenimento.

Acho que são os japoneses que fazem isso.

Entretanto tento evitar andar na mesma carruagem que a velhinha de 70 anos.

Acho que ela terá ficado com falsas esperanças…

 

 

PS: A minha paranóia com os micróbios não é nova. Há cerca de 10 anos atrás desenvolvi uma técnica relacionada com os WC públicos. Uma estória que fica para outro post.

30
Jun09

O "peso" de me tornar culto

Peter WouldDo

 

O Miguel Sousa Tavares vai pôr-me com dores nas costas.

(esta frase escrita assim até parece que sou amigo intimo dele… demasiado íntimo.)

Decidi aventurar-me nas 608 páginas do Rio das Flores, que a ser finalizado constituirá um novo recorde pessoal.

A marca actual está nas 357 páginas do Memorial do Convento.

Ou seja, quase duplicaria a anterior marca.

Acho que a terminar o Rio das Flores só com a Bíblia consigo bater um novo recorde.

Ou então as 1492 páginas do Guerra e Paz, de Tolstoi.

Ainda era inocente quando me meti a ler aquele livro.

Embora depois do Rio das Flores o céu seja o horizonte…

 

Assim como a Maya, já fiz as minhas previsões:

As 608 páginas lidas nas viagens de metro a uma média de 20 páginas por dia [10 para cada lado], acabarei o Rio das Flores a 07 de Agosto.

Serão seis semanas com o livro dentro da mala que anda ao ombro.

E pesando aquele aglomerado de papel o que pesa, a minha coluna ficará seriamente afectada.

A Inglaterra ainda não é como os Estados Unidos, mas segundo a jurisprudência de cá, devo conseguir uma indemnização do autor a rondar as 20 mil libras, por danos físicos.

Põe-te a pau Miguelito…

Ninguém o mandou escrever um alegado bom livro com tantas páginas.

Vejam o caso do S. Paulo.

Depois de ter escrito para a Bíblia uma epístola levou com tantos processos judiciais dos Coríntios que teve de vender tudo o que tinha e mesmo assim não chegou.

E assim ficou famosa a I Epístola de S. Paulo aos Coríntios.

Nem sei se ele chegou a escrever outra epístola para a segunda edição da Bíblia.

 

A nível de marketing (packaging - embalagem) o Saramago é muito mais à frente que o Miguel.

O Zé preocupou-se tanto com o tamanho e peso do seu Memorial do Convento que até optou por nem colocar vírgulas ou pontos finais para que o livro ficasse mais leve.

Já o Miguel até capa com abas colocou no seu livro.

E eu que pensava que só as mulheres utilizavam abas nos pensos higiénicos, agora também as uso no Rio dos Flores.

 

Reconheço que assim que acabar de ler o Rio, sentir-me-ei mais culto.

E se o livro fosse meu seria de grande utilidade para colocar o monitor do computador do trabalho mais alto.

Mas não, é emprestado.

Foi essa, aliás, a razão pela qual ainda ontem não usei o Rio das Flores como arma de arremesso contra uma pomba que estava a tantar acertar-me com os famosos pingos brancos.

Mas depois de ter visto o que tinha na mão caiu na realidade.

Agora falando, perdão escrevendo, um pouco mais sobre o conteúdo, reconheço que estou a gostar.

Se for até ao fim tornar-me-ei de certeza um admirador do homem.

E a pesar [fica bem aplicado este verbo], a favor dele estão as “apenas” 520 páginas do Equador.

Cómico é que um só Rio consegue pesar mais que todo o Equador.

Seja ele o país ou uma linha imaginária que passa por vários.

 

Bem, este post começou bem mas já está a descambar por isso é melhor que ele fique por aqui.

 

24
Jun09

O prazer de viver numa rua sem saída

Peter WouldDo

 

Às vezes, enquanto caminho da estação de metro para casa, lembro-me de como é bom morar numa rua sem saída.

A ausência de trânsito traz um silêncio maravilhoso à casa.

O pouco movimento de pessoas, o número reduzido de bêbados à noite, são algumas das vantagens.

Ao longe um esquilo salta de uma árvore e comprova o que escrevo no bloco enquanto caminho.

Um bloco de capa dura que custou uma libra.

Conforme me aproximo da casa posso ouvir o vento a fazer-se sentir nas árvores e nas ervas daninhas gigantes, que dificultam o caminho pedonal.

É bom viver num beco sem saída.

Gostava de poder viver sempre numa estrada sem saída.

Estou já muito perto de casa e quase convencido de que esta não podia ser mais perfeita até que começo a ouvir uma batida.

E aí vem-me à memória que no quarto por baixo do meu mora um metro e meio de gente, com um manjerico na parte de cima.

E ainda por cima um manjerico no qual se passarmos a mão não ficamos com um perfume agradável, mas com o cheiro a quitoso.

Aquele a quem aqui já chamei de “Marco Paulo em início de carreira”, mas que terá de ser rebaptizado de manjerico, por ser mais curto.

O tal que é aspirante a DJ, mas que desconfio que nunca o deixará de ser.

Alguém que fala a mesma língua que Camões, para sua infelicidade [de Camões].

E quando o próprio Camões – que segundo consta era uma pessoa super sociável - não vai à bola com uma pessoa, como poderei eu dar-me bem com ela?

Meto a chave na porta e apetece-me ir para trás, para junto das ervas daninhas.

Voltar a ouvir o vento a roçar nelas.

Mas não, teimo em diariamente entrar e sofrer com batidas até perto das 23 horas.

Agora que foi colocada essa hora como limite.

Depois do manjerico ter subido mais alto que o metro e meio, devido à ajuda das minhas mãos no seu pescoço.

 

 

PS: Repararam na minha subliminar alusão ao S. João?

20
Mai09

Atentados públicos

Peter WouldDo

 

O dia tinha começado bem…

 

(depois desta introdução já todos os leitores estão à espera de desgraça)

Mas o metro chegou já cheio de gente, e eu quase que ficava do lado de fora.

Sentia-me apertado, e comecei a ter reacções corporais.

Um espirro estava a caminho, e eu só me lembrava que a noticia principal do jornal gratuito do dia mostrava que os casos de gripe A estavam a aumentar em Londres.

E tão repentino veio o espirro que só tive tempo de virar a cara para o chão, que é como quem diz, para as pernas de um homem que estava colado a mim.

Não consegui efectuar a manobra de salvação ensinada em folhetos e na televisão: espirrar para o cotovelo.

Como reacção ao meu espirro, metade das pessoas na carruagem começaram a olhar para mim, e de repente senti-me mais à largueza.

Não sei como, nasceram 20 centímetros de distância entre mim e as pessoas mais próximas.

Conforme as pessoas iam voltando ao sono, à leitura dos seus jornais ou livros, senti que começava a perder as atenções.

Na mesma proporção senti os 20 centímetros de liberdade a encolherem.

Mas também era impossível continuarem a existir.

Tudo parecia voltar à normalidade quando os meus intestinos resolveram provar-me que não.

Era altura de libertar os gases criados pelos feijões comidos no dia anterior.

Num espaço de segundos as atenções daquela carruagem voltavam a mim.

Se quem estava a mais de três metros de mim não podia cheirar os gases libertados pelo meu corpo, os mais de 30 centímetros de largueza à minha volta denunciavam-me como o criminoso.

Só na estação seguinte e com a abertura das portas senti que tinha caído uma vez mais no esquecimento.

 

Se todas estas reacções me tivessem assolado em qualquer parte do mundo, sinto que seria acusado de atentado público.

Mas em Londres, só fui criminoso até à estação seguinte...

09
Fev09

A relação dos humanos com a natureza

Peter WouldDo

 

Não sei qual a utilidade dos toldos ingleses.

Se os portugueses servem para as pessoas se abrigarem quando chove (e não para tapar o sol como muito pensam) os ingleses nenhuma das duas funções têm.

A primeira porque as pessoas não fogem da chuva.

A segunda porque cá quase nunca faz o sol de que é necessário proteger.

Mas hoje vou falar da primeira.

Acho que o canal National Geographic poderia muito bem fazer uma análise psicossociológica dos ingleses e sua reacção perante as forças da natureza.

Chove e eles nem apressam o passo.

Neva e eles nem a limpam do casaco ou… da cabeça, imaginem.

 

Este senhor entrou no metro e em vez de limpar a neve do casaco ou da cabeça, foi ver o telemóvel.

Segundos depois começou-lhe a correr uma torrente de água pela cara.

O nariz parecia uma fonte de água natural.

Dois minutos depois já eram visíveis peixes no chão da carruagem.

Tudo água com origem na neve da cabeça do senhor.

Desconfio que o senhor é da Greenpeace e não quer ajudar ao descongelamento dos glaciares.

Vai daí e descobriu que o seu contributo poderia começar na própria cabeça.

Já tinha ouvido falar destas pessoas que levam à letra a mania de ajudarem o ambiente.

Denominam-se eco-maníacos.

Sei de um que engarrafava os peidos para depois os introduzir numa garrafa de gás butano.

Ao mesmo tempo que evitava a produção de Co2, poupava uns trocos na conta do gás.

Sobre a senhora que ralava as unhas cortadas para fazer chá não falo, porque já devem conhecer essa estória.

Mas de certeza que não sabiam da existência de alguém capaz de fazer velas com a cera dos ouvidos.

E dizem que são mais duradouras.

Já pensei qual poderia ser o meu contributo, mas o chulé dos meus pés não é suficiente para encher uma bomba de gás lacrimogéneo.

Resta-me continuar a guardar os macacos que tiro do nariz.

Já dizia o poeta:

 

Macacos no nariz?

Guardo todos, um dia vou construir um castelo.

 

29
Jan09

A janela indiscreta

Peter WouldDo

O meu quarto novo tem uma janela para o exterior.

E essa janela fez-me muito feliz no primeiro sábado no quarto.

Acordei e tinha o sol a bater-me na cara.

Há quase um ano que isso não acontecia.

Foi um momento bem simpático.

 

Mas a mesma janela tem inconvenientes...

Alguns dias depois do episódio do sol (nunca mais houve sol em Londres desde esse dia) cometi uma pequena loucura.

Posei semi-nu para dezenas de pessoas.

Passo a explicar.

Menos de 20 metros de distância separam o meu quarto de dezenas de olhares de cinco em cinco minutos.

A janela tem vista para a Picadilly Line do metro de Londres.

Eu estava a vestir-me, depois de um duche, com a cortina aberta e posei inconscientemente.

E posso dizer que ainda tive sorte, porque algumas vezes o metro pára mesmo em frente à minha janela para esperar que o anterior saia da estação que fica perto.

Agora imaginem o que seria de repente virar-me e deparar-me com duas carruagens cheias de pessoas a olhar para mim…

 

Mas, tenho de admitir que até gostei da experiência.

E acho que vou fazer disso um passatempo.

Convêm dizer que esta é a linha que traz passageiros do aeroporto de Heathrow.

Já estou a imaginar eles a chegarem pela primeira vez à cidade e a pensarem:

“Será que aqui é toda a gente assim?”

Pelo “assim” refiro-me apenas à nudez e não ao tamanho de nada…

Quem sabe não me torno em mais uma atracção desta cidade.

Claro que a TFL (empresa que gere os transportes) me teria de pagar uma pequena comissão pelos bilhetes vendidos a mais.

Por outro lado, teria de remover as mulheres condutoras de comboios, para evitar acidentes.

Bem, pelo menos projectos de emprego para o futuro não me faltam…

 

 

PS: Inspirei-me na janela da Liz para falar da minha.

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