Amanhã é outro dia
Hoje, antes de sair de casa, fiquei melancólico.
Com um vazio bem grande cá dentro.
Ao contrário de outras vezes, desta vez sei o motivo. E não sou o único.
Apaguei todas as músicas mais animadas do meu mp3, coloquei Keane e outras músicas para pensar, e saí de casa.
Três currículos entregues em bares ou cafés e depois pus-me a passear em Oxford Street, uma das ruas mais comerciais e movimentadas de Londres.
Mas caminhava de uma forma diferente do que vinha fazendo até então.
Caminhava e olhava para as pessoas. Para os rostos.
Já não olhava para as portas e vitrinas das lojas com o intuito de encontrar um papel a dizer “Staff Wanted”.
Olhava para os rostos na busca de alguém com um vazio maior que o meu.
E acredita, não encontrei.
Só via sorrisos.
Quer dizer, havia loiros e morenas, altos e baixos, feios e bonitas, cheirosos e sem odor, convencidas, confiantes e tímidos.
Mas com sorrisos no rosto, ou pelo menos a ausência de tristeza.
Senti-me uma das pessoas mais tristes de Londres.
Porque também há dias assim.
E se não houvesse maus dias, os bons deixariam de o ser…