Arte contemporânea ou enigmas... eis a questão! - 4 de 5
Antes de mais convém esclarecer que esta gravura não foi escrita em minha homenagem.
Quando cheguei à casa já constava na casa de banho.
E como no meu quarto morava um rapaz, presumo que tenha sido para ela.
Infelizmente, esta gravura também já não existe.
Há dias atrás encontrei-a colocada no meio do vidro do armário colocado mesmo por cima do lavatório.
Presumo, mais uma vez, que a intenção fosse que eu o lesse bem...
Talvez tenha feito algo que desagradou à Magda.
Mas juro que se fiz não foi de propósito.
No entanto, essa mesma localização fez com que o vapor dos banhos o "descolorasse".
E Magda lá entendeu retirá-lo, depois de ter ficado parecido com as gravuras de Foz Côa.
Do que gosto mais na gravura é da expressão "pra mim limpar".
Para além da forma reduzida da palavra "para" (reparem que isto não é escrita de messenger) o uso do "mim" em vez do "eu" revela inovação.
Recordem que há outras gravuras espalhadas pela casa.
E também com erros.
Assim, o coitado do meu antecessor não poderia duvidar de quem pintou a gravura.
Depois, reparem na subtileza dos exageros de Magda.
O "cheio" sublinhado para dar maior enfâse, como se de facto o banheiro estivesse cheio de cabelo que ela não pudesse entrar nele.
Depois, os lugares por onde há cabelos: chão, tapete e pia.
Acho que neste caso ela foi amiga do rapaz, porque na casa de banho há também um armário e até um vaso, de que falarei na próxima gravura.
De certeza que da maneira que ele deveria ser, até o vazo ficava cheio de cabelos...
Bem, já estou a imaginar que aqui deve ter morado o Tony Ramos.
Só pode... com tantos cabelos...
É que ela ainda por cima diz "está ficando" e não "fica".
O que pressupõe que se ia acumulando...
Ela só pode dar graças pelo rapazinho limpinho que tem agora...