Isto anda mesmo mal de posts.
Mas se a crise atinge tudo e todos, porque não haveria de atingr também este blog?
Na verdade, ontem não tive tempo para escrever um textozinho para esta coisa.
Tive a visita de uns amigos no domingo, e que iam embora na segunda.
E na segunda nevou bué em Londres.
A neve origina cancelamento de vôos.
O cancelamento de vôos obriga as pessoas a ficarem nos locais onde foram passar férias.
E é aí que surgem os amigos.
Para dar abrigo.
O início de noite de ontem foi passado com eles a ver os jornais televisivos portugueses.
E toda a gente sabe que essas coisas a que chamam "noticiários" são o equivalente a séries humorísticas cá na Inglaterra.
Cá vai o resumo:
Na SIC fizeram uma reportagem especial sobre o encerramento do tribunal da Boa Hora.
Entrevistaram toda a gente.
E quando digo toda gente incluo, obviamente, a senhora das limpezas.
Mas, a personagem que mais me fez sorrir até foi uma outra senhora que todos os dias vai até àquele tribunal assistir a julgamentos.
O ponto alto da sua entrevista foi quando o jornalista lhe perguntou qual o julgamento de que tinha gostado mais.
A dona Celeste de Azevedo aproxima-se do jornalista (e à câmara), olha para o lado para ver se alguém está a ouvir, e começa a contar (falando baixinho) o que viu e ouviu num julgamento.
Foi espectacular vê-la a certificar-se que ninguém a estava a ouvir, quando ao mesmo tempo falava para uma câmara que iria reproduzir as suas palavras para, talvez, milhões de pessoas.
Depois uma passagem pelo sensacional jornal da noite da TVI.
Nesses belos minutos de TV o destaque vai para as greves de trabalhadores britânicos no Reino Unido.
Queixam-se que os estrangeiros lhes estão a tirar os empregos.
Confesso que fiquei sensibilizado com os senhores.
Nós, estrangeiros, estamos de facto a roubar-lhes descaradamente os lugares.
E por isso, vou lançar uma sugestão que para já se destina a todas as senhoras dalimpeza e mulher-a-dias do Reino Unido.
PAREM DURANTE 24 HORAS!
A porcaria que ficará deve chegar para esses senhores perceberem quanto precisam de vocês.
Por último a RTP e as notícias de falências.
Os funcionários de uma fábrica de agulhas, com medo de perderem o emprego, foram para o Rossio protestar com a intenção de serem recebidos pelo ministro da Economia, Manuel Pinho.
Na reportagem diziam que acabaram por ser ouvidos por dois assessores de um secretário de Estado.
Ou seja, o equivalente aos distritais de futebol na política.
E conta-se, segundo fonte anónima, que só não foram recebidos pela senhora das limpezas porque ela já tinha acabado o turno:
- Dona Maria chegue aqui.
- Que querem? Já piquei o cartão e estou de saída!
- Estão ali fora uns senhores que querem falar consigo!
- Que senhores? Não me venham com mais aspiradores porque já tenho dessas coisas que chegue em casa!
- Não é nada disso. São trabalhadores de uma fábrica de agulhas que querem falar com o ministro.
- E o Manel não tá aí?
- Não veio ao ministério hoje!
- E o TóJó, o secretário de Estado?
- Teve uma reunião no Porto.
- Ai, mas não pensem que eu os vou receber. Mandem então aí dois assessores estagiários. Eu ainda tou para receber umas horas extras que dei em Novembro.