Surfista no Metro de Londres
Reconheço que a gripe suína alterou alguns dos meus comportamentos.
Um deles foi no metro.
Simplesmente deixei de me agarrar aos varões, quando viajo de pé.
O resultado não é difícil de prever.
Tornei-me num surfista do metro.
Esta faceta deve ser comum entre outros utilizadores do metro de todo o mundo, apesar de nunca me ter cruzado com nenhum.
Só espero que eles façam a mesma figura que eu.
Pelo menos em Londres, há zonas bem lixadas, com muita turbulência.
Chego a ser atirado contra as pessoas, ou contra os próprios varões.
E até já acabei sentado no colo de uma idosa prai 70 anos, para satisfação dela, que logo me começou a fazer festinhas no cabelo.
Mas não pensem que eu sou um farrapo a ser atirado de um lado para o outro.
Já desenvolvi um pouco a técnica de surfar no metro.
Já adquiri experiência.
Já sei qual a melhor colocação das pernas.
Já sei compensar nas curvas com inclinação do corpo.
Não estarei a ser convencido se disser que se houvesse um campeonato do mundo de surf no metro eu estaria entre os 20 melhores.
E cá por Londres já devo estar no top 5.
Ah, esqueci-me de dizer que faço isto porque meti na cabeça que os varões das carruagens do metro onde as pessoas se agarram estão cheio de micróbios, e alguns deles da gripe suína.
Também já aprendi a reconhecer alguns dos traçados mais sinuosos e quando os consigo ultrapassar mantendo-me de pé recebo palmas dos outros passageiros que vão sentados.
Penso em fazer carreira nesta área.
Pelo menos depois das palmas algumas pessoas atiram-me moedas, pensando que é algum número de entretenimento.
Acho que são os japoneses que fazem isso.
Entretanto tento evitar andar na mesma carruagem que a velhinha de 70 anos.
Acho que ela terá ficado com falsas esperanças…
PS: A minha paranóia com os micróbios não é nova. Há cerca de 10 anos atrás desenvolvi uma técnica relacionada com os WC públicos. Uma estória que fica para outro post.