O "peso" de me tornar culto
O Miguel Sousa Tavares vai pôr-me com dores nas costas.
(esta frase escrita assim até parece que sou amigo intimo dele… demasiado íntimo.)
Decidi aventurar-me nas 608 páginas do Rio das Flores, que a ser finalizado constituirá um novo recorde pessoal.
A marca actual está nas 357 páginas do Memorial do Convento.
Ou seja, quase duplicaria a anterior marca.
Acho que a terminar o Rio das Flores só com a Bíblia consigo bater um novo recorde.
Ou então as 1492 páginas do Guerra e Paz, de Tolstoi.
Ainda era inocente quando me meti a ler aquele livro.
Embora depois do Rio das Flores o céu seja o horizonte…
Assim como a Maya, já fiz as minhas previsões:
As 608 páginas lidas nas viagens de metro a uma média de 20 páginas por dia [10 para cada lado], acabarei o Rio das Flores a 07 de Agosto.
Serão seis semanas com o livro dentro da mala que anda ao ombro.
E pesando aquele aglomerado de papel o que pesa, a minha coluna ficará seriamente afectada.
A Inglaterra ainda não é como os Estados Unidos, mas segundo a jurisprudência de cá, devo conseguir uma indemnização do autor a rondar as 20 mil libras, por danos físicos.
Põe-te a pau Miguelito…
Ninguém o mandou escrever um alegado bom livro com tantas páginas.
Vejam o caso do S. Paulo.
Depois de ter escrito para a Bíblia uma epístola levou com tantos processos judiciais dos Coríntios que teve de vender tudo o que tinha e mesmo assim não chegou.
E assim ficou famosa a I Epístola de S. Paulo aos Coríntios.
Nem sei se ele chegou a escrever outra epístola para a segunda edição da Bíblia.
A nível de marketing (packaging - embalagem) o Saramago é muito mais à frente que o Miguel.
O Zé preocupou-se tanto com o tamanho e peso do seu Memorial do Convento que até optou por nem colocar vírgulas ou pontos finais para que o livro ficasse mais leve.
Já o Miguel até capa com abas colocou no seu livro.
E eu que pensava que só as mulheres utilizavam abas nos pensos higiénicos, agora também as uso no Rio dos Flores.
Reconheço que assim que acabar de ler o Rio, sentir-me-ei mais culto.
E se o livro fosse meu seria de grande utilidade para colocar o monitor do computador do trabalho mais alto.
Mas não, é emprestado.
Foi essa, aliás, a razão pela qual ainda ontem não usei o Rio das Flores como arma de arremesso contra uma pomba que estava a tantar acertar-me com os famosos pingos brancos.
Mas depois de ter visto o que tinha na mão caiu na realidade.
Agora falando, perdão escrevendo, um pouco mais sobre o conteúdo, reconheço que estou a gostar.
Se for até ao fim tornar-me-ei de certeza um admirador do homem.
E a pesar [fica bem aplicado este verbo], a favor dele estão as “apenas” 520 páginas do Equador.
Cómico é que um só Rio consegue pesar mais que todo o Equador.
Seja ele o país ou uma linha imaginária que passa por vários.
Bem, este post começou bem mas já está a descambar por isso é melhor que ele fique por aqui.