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Loucura Londrina | Aventuras Em Blog

Um Português A Aprender a Viver Em Londres, E Nem Sempre Da Maneira Mais Fácil

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Loucura Londrina | Aventuras Em Blog

20
Mai09

Atentados públicos

Peter WouldDo

 

O dia tinha começado bem…

 

(depois desta introdução já todos os leitores estão à espera de desgraça)

Mas o metro chegou já cheio de gente, e eu quase que ficava do lado de fora.

Sentia-me apertado, e comecei a ter reacções corporais.

Um espirro estava a caminho, e eu só me lembrava que a noticia principal do jornal gratuito do dia mostrava que os casos de gripe A estavam a aumentar em Londres.

E tão repentino veio o espirro que só tive tempo de virar a cara para o chão, que é como quem diz, para as pernas de um homem que estava colado a mim.

Não consegui efectuar a manobra de salvação ensinada em folhetos e na televisão: espirrar para o cotovelo.

Como reacção ao meu espirro, metade das pessoas na carruagem começaram a olhar para mim, e de repente senti-me mais à largueza.

Não sei como, nasceram 20 centímetros de distância entre mim e as pessoas mais próximas.

Conforme as pessoas iam voltando ao sono, à leitura dos seus jornais ou livros, senti que começava a perder as atenções.

Na mesma proporção senti os 20 centímetros de liberdade a encolherem.

Mas também era impossível continuarem a existir.

Tudo parecia voltar à normalidade quando os meus intestinos resolveram provar-me que não.

Era altura de libertar os gases criados pelos feijões comidos no dia anterior.

Num espaço de segundos as atenções daquela carruagem voltavam a mim.

Se quem estava a mais de três metros de mim não podia cheirar os gases libertados pelo meu corpo, os mais de 30 centímetros de largueza à minha volta denunciavam-me como o criminoso.

Só na estação seguinte e com a abertura das portas senti que tinha caído uma vez mais no esquecimento.

 

Se todas estas reacções me tivessem assolado em qualquer parte do mundo, sinto que seria acusado de atentado público.

Mas em Londres, só fui criminoso até à estação seguinte...

12
Jan09

2,4 milhões de doentes

Peter WouldDo

Hoje é segunda-feira, e há sete dias atrás também foi.

E esse dia 05 de Janeiro foi também a primeira segunda-feira do ano.

Mas o que achei mais curioso foi o que li no jornal no dia seguinte.

Na terça-feira dia 06.

Alertava o The Times para o perigo financeiro que poderia ser os 2,4 milhões de ingleses que se deram como doentes na tal primeira segunda-feira do ano.

O jornal fazia contas aos medicamentos para a gripe que poderiam ser precisos para tratar tanta gente.

Entrevistava directores de serviço de urgências de hospitais e gente do ministério da saúde.

Quem lia a notícia ficava com a impressão de que algo de problemático andava no ar, para além de um simples vírus gripal.

Fiquei preocupado.

Uma preocupação que durou até à passada sexta-feira quando soube que no Harrods não houve doentes nessa segunda-feira.

Contaram-me que há uma política interna que impede os funcionários de meterem um sick day nessa segunda.

A curiosidade aumentava.

Antes do “porquê” da praxe, o meu interlocutor acrescentou que até cinco dias de doença a grande maioria das empresas inglesas paga da mesma forma os salários e muitas delas nem pedem comprovativos de doença, se isso não estiver sempre a acontecer, claro.

Quando a conversa acabou lembrei-me da notícia do The Times, e disse:

“Ahhhhhhhh”.

Tinha percebido que afinal não são só os tugas a descobrirem as regalias e falhas dos sistemas.

E o Harrods como tem uma autêntica Babilónia, precaveu-se contra esses falsos doentes.

Mas o raciocínio continuou:

“Que totós são estes jornalistas que não foram capazes de ver que esses 2,4 milhões de doentes na segunda-feira dia 05 de Janeiro eram afinal a percentagem de trabalhadores estrangeiros que têm no país. E nessa percentagem de certeza que está uma boa fatia de tugas.”

E se o Harrods tem esta política interna é porque o “efeito primeira segunda-feira do ano” se vem repetindo…

Quanto anos mais precisaram os ingleses para perceberem que não há nenhuma pandemia de gripes, e que estão a ser chulados pelos emigrantes?

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