Da Índia à Rua Sésamo é um instante
No passado fim-de-semana a dona do Fidel (o gato) convidou cá a casa um amigo dela inglês, que regressou recentemente de um ano na Índia, a trabalhar.
Índia, pensei eu, agrada-me.
Vou fulminá-lo com perguntas.
E assim foi.
Com paella e outros petiscos espanhóis na mesa, a tarde estava a correr espectacularmente bem até que o “man” se espetou num comentário.
“Esta casa parece a Rua Sésamo! Um cozinha e os outros limpam.”
O comentário até poderia passar despercebido – e acho que passou para os outros elementos – caso a Rua Sésamo não tivesse as mais variadas personagens lá a viver.
O que me intrigou, como é óbvio.
Em que personagem da Rua Sésamo estaria ele a pensar para mim?
Já nada foi diferente naquela tarde de domingo.
Minutos depois estávamos nós a falar do projecto de paz para o mundo do Ghandi quando eu o interrompi:
“Ouve lá, mas achas que eu sou mais parecido com o Egas ou o Becas?”
Ao que ele respondeu com um sorrisinho que ainda me criou mais dúvidas.
No entanto, concluí que não associou nenhum deles a mim.
Já a conversa ia no facto do custo de vida da Índia ser muito baixo quando eu voltei à carga:
“Mas achas que as minhas bochechas são similares ao Monstro das Bolachas?”
Nova tentativa defraudada.
Ele voltou a rir-se, mas desta vez por menos tempo.
Nos dias que correm qualquer conversa sobre a Índia tem de acabar no Slumdog Milionaire.
E era disso que falávamos quando eu fiz o seguinte comentário:
“Não acho que o Popas tenha um pescoço mais alto que o protagonista do filme…”
Toda a gente ficou a olhar para mim sem saber o que dizer, e o ambiente ficou pesado.
Na tentativa de resfriar os ares perguntei se gostavam da minha imitação da Agripina.
Mas com aquela voz fininha só piorei a situação.
Já o homem se preparava para se ir embora quando acabei logo ali com o mistério e perguntei:
“Mas afinal com que personagem achas que eu sou parecido?”
Ele não teve meias palavras:
“Resmungão dessa maneira só podes ser com o Ferrão.”
Fui a correr ao quarto vestir a minha t-shirt verde, desci e perguntei-lhe:
“E agora?”
NR: Sempre me identifiquei com o Cocas, e vem este gajo agora dizer que pareço o Ferrão, xiça.