Um ano na Inglaterra
Faz hoje, sexta-feira dia 12 de Junho de 2009, um ano que cheguei à Inglaterra.
Passou tão rápido, agora que olho para trás.
Hoje podia escrever sobre trabalho, carreira, futuro, sonhos e muitas outras coisas que me levariam à repetição.
Mas não o vou fazer.
Reparo que tenho andado a escrever muito sobre um tema nos apontamentos pessoais, e é sobre ele que quero escrever hoje aqui.
Vou fazer um rescaldo, mas sobre o amor.
Aviso que provavelmente sairá um texto bastante pessoal, e até chato.
Mas como sei que o que é pessoal atrai o ser humano, sei que ninguém vai desistir da leitura deste post neste ponto final.
Eu sou uma espécie rara de homem.
Cheia de contradições, ainda por cima.
Para além de acreditar no amor, acho que não o sei quantificar.
Olho para trás, e tenho dificuldade em dizer se alguma vez estive realmente apaixonado.
Ou se já estive várias vezes e em todas fui mal sucedido.
Mas a maior contradição é que como grande crente no amor, nunca tive uma namorada.
Pelo menos na minha definição de namorada.
Nunca nomeei ninguém de “minha namorada”.
Já tive paixonetas, aventuras, amores platónicos, grandes amigas e as habituais “namoradas” da primária.
Mas nunca ninguém que considerasse como uma verdadeira namorada.
Alguém que sentisse preencher-me quase a 100 por cento, e com quem estivesse por um largo período de tempo.
Cometi alguns erros na minha vida amorosa.
Deixei “passar” grandes pessoas.
Mas o pior é que já depois de me aperceber disso posso ter deixado passar mais ainda.
E tudo porque não sei quantificar o amor.
Essa será a raiz de todo o meu problema.
E o mais engraçado, é que acho que serei um grande amante.
Sem querer tornar isto num texto publicitário daqueles sites de encontros, acho que serei uma boa companhia.
Divertido, romântico, falador e ao mesmo tempo bom ouvinte.
Mas também muito exigente.
O outro grande problema.
E com o passar dos anos, e o crescimento da solidão amorosa, o muro não desce.
Continuo a procurar características na pessoa amada que se calhar não estão ao meu alcance ou nem sequer existem.
Poderia descrevê-las e aprofundar-me em cada uma.
Mas já os poetas o fizeram e com melhor mestria.
Às vezes digo para mim mesmo que vou mudar.
Mas isso não acontece.
Depois concluo que ainda não terei encontrado a “pessoa”.
Ou que terei mesmo de ficar assim: amorosamente solitário.
E aí lá se vão ao ar todos os meus projectos.
Mulher, filhos, casa, carro, cão e patins em linha.
Se calhar sou é um masoquista que adora os momentos iniciais de uma paixão em que tudo parece perfeito.
Mas que termina pouco depois com desilusão ou frustração.
Vou-me contentando com esses momentos naifs.
Mas continuando a acreditar que um dia poderei sentir que encontrei a pessoa certa.
Podia continuar por horas.
Mas já fui mais fundo do que alguma vez tinha ido.